A produção de milho é um negócio particularmente sensível às oscilações geopolíticas mundiais se reconhecermos que Portugal importa 80% deste cereal, e que nos últimos anos tem enfrentado grandes desafios no mercado externo, primeiro com a pandemia covid, depois com a invasão da Ucrânia.
Habituados a desenvolver a sua atividade entre agitações mundiais que lhes exigem grande capacidade de adaptação e criatividade, não constitui surpresa para os produtores de milho nacionais que a política de imposição global de tarifas comercias, já anunciada pelo presidente Donald Trump, será um dos próximos desafios para o sector que a ANPROMIS representa.
“A disrupção provocada pela administração americana, em paralelo com o que já vinha acontecendo com a guerra na Ucrânia, representam dois fatores muito desestabilizadores da ordem mundial, em particular numa commodity como é o milho”, afirmou Jorge Neves, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, organizadora do evento.
A dependência de “países que estão no centro do furacão”, aumenta o receio do “impacto que vai afetar, direta e indiretamente os produtores de milho, e os agricultores portugueses no geral”, assinalou Jorge Neves.
A guerra na Ucrânia, em 2022, obrigou Portugal a procurar novos mercados de importação, nomeadamente na América do Sul, mas o presidente da ANPROMIS receia que “face à imposição de tarifas, também a China procure fornecedores fora dos Estados Unidos, e o Brasil parece a opção mais óbvia”.
A realização do Colóquio Nacional, cerca de três semanas após a tomada de posse do presidente americano e de conhecidas as suas primeiras decisões – surge em momento propício para avaliar e antecipar decisões perante a escalada da volatilidade e instabilidade que se sentirá nos mercados internacionais.
O conhecimento da política global e do impacto que as suas movimentações podem provocar no sector são o objetivo dos Colóquios e Congressos da Associação, porque transmitem “uma mensagem de otimismo e mostram que há outros caminhos, mesmo quando se preveem anos de grande volatilidade e instabilidade dos mercados mundiais”, concluiu o presidente da ANPROMIS.
Fonte: CAP